"Estou no começo do meu desespero. E só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa/...Adelia Pradro – A Serenata.”
Achei o trecho retirado deste poema, a exata definição, estando eu, em plena meia idade. Depois de já ter trilhado algumas jornadas e esperando ainda que a estrada desta vida seja bem longa, vivi desilusões, alegrias, frustrações, amor, medo, tristeza, lagrimas e muita coragem. Porque a gente sabe como as desilusões nos devastam.
Nascemos com um dispositivo interno que dispara a toda hora para nos avisar que: “sem amor não somos nada”... E da-lhe correr atrás de todos os meios disponíveis, milagrosos e muitas vezes até insanos para encontrar o nosso “the Big” (quem já assistiu Sexy in the City irá reconhecê-lo). O cara bem sucedido, lindo, másculo, inteligente, que entenderá todos os nossos sentimentos e que nunca, nunca nos deixará...
Isto pode levar a nossa vida inteira, combinado?
Mas, espere... além disto temos que ser lindas, inteligentes, bem sucedidas, saradas,bem humoradas, boas mães , administradoras do lar, castas e putas (só na cama dele) e por aí vai...Ufa! Você não consegue tudo isto? Tiro de letra! E olha que nunca pensei em jogar tudo para o alto e colocar uma velha mochila nas costas e dizer: fui!
Pois é minhas amigas (posso chama-las assim?), todas nós devemos ter passado por isto e mesmo assim, seguimos em frente... não com a mochila nas costas, mas com todo o resto...
Descobri, lendo alguns livros de psicanálise, que são quatro as questões que assombram a nossa vida:
- Sabemos que vamos morrer.
- Somos livres para viver o que desejamos
- nossa solidão é intrínseca
- a vida não tem sentido.
Sábia aquela que não se desespera diante desta realidade... porque tudo depende da maneira como lidamos com estas nossas 4 questões da vida.
Talvez a primeira seja a mais terrível delas, mas sinceramente acho que a maioria de nós nem perceberá quando ela chegar. O mais difícil, certamente, deve ser envelhecer, porque requer uma trajetória às vezes dolorosa. Mas quer saber qual me assusta mais? Somos livres para viver o que desejamos, porque ela coloca toda a responsabilidade em nossas mãos.
E o que estamos fazendo aqui?
Fiz-me esta pergunta e descobri que o mundo pode ser maior que o meu apartamento. Não é preciso, lógico, chegar a um momento de luz divina e libertador para saber disto... Mas estar disposta em abrir, a qualquer tempo, nossa janela para a vida, não importa a idade que tenhamos.
Estou à procura dos meus “desafetos”, “desaparecidos”... me reconciliando com a vida.
Quero aprender com quem tiver para me ensinar, trocar experiências, risadas, lágrimas, quero romper com as teses de tudo que parece certo ou errado, quero romper padrões – viver fora deles- ser um pouco doida ou santa como diria minha querida Martha Medeiros.
Enfrentei sim algumas pequenas mortes nesta vida, mas encontrei nisto minha maior inspiração: eu mesma!
E com isto, resolvi deixar nascer, o meu novo filho mais querido: Bonjour Madame!
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